O CONSELHO JUVENIL É UM PROJETO DA VARA DA INFÂNCIA DA JUVENTUDE E DO IDOSO DE TERESÓPOLIS (RJ) , EM PARCERIA COM ESCOLAS PÚBLICAS E PARTICULARES .

terça-feira, 28 de setembro de 2010

REFLEXÃO E COMUNICADO

REFLEXÃO E COMUNICADO
Não é com alegria que escrevo o presente texto. Muito ao contrário, é com real dor no coração.
O calendário proposto pelo CJ na Audiência de 06/08, na VIJI, com a presença de escolas, direções, Conselheiros Juvenis, Secretária de Educação, CMDCA, Conselheiros Tutelares NÃO FOI CUMPRIDO!
Não se realizaram as eleições para os Grêmios (ou associações, ou conselhos de representantes, etc).
Algumas escolas fizeram bonito, como o CEDAL, que mandou 07 alunos para a reunião de 24/09, agendada para debate com as direções ou representações eleitas em 20/09. O CIA José Francisco Lippi também mandou representante. Soubemos de movimentos aqui e ali.
Mas, no geral, aconteceu um somatório de ducha fria aplicada por direções de escolas sobre os alunos que se interessaram, em meio a um mundaréu de alunos desinteressados (o que é a regra atual, pelo que caberia valorizar como diamante o interesse surgido). Direções de escolas simplesmente proibiram iniciativas em suas escolas.
Outras não proibiram, mas condicionaram ao seu próprio calendário e agenda, impedindo que os alunos se reunissem (deixando de perceber a importância do ato conjunto, o simbolismo da força estudantil se reconstruindo e criando o pertencimento positivo tão essencial à adolescência).
Outras, ainda, disseram ser necessário autorização de orgãos mantenedores (fundações, etc), ou enquadramento em regulamentos internos da escola, quando isso é absolutamente desnecessário, eis que a autoorganização dos alunos é direito garantido na Constituição, no ECA e na Lei dos Grêmios Livres. E é direito que não vê idade ou série, é garantido a todos os estudantes dos ensinos fundamental e médio!
Havia um processo amadurecido, nascido há 04 anos atrás, que foi quebrado. Havia uma lógica ligando o "Escola da Paz", o "Conselho Juvenil", o "CONEST" e a proposta dos Grêmios. Não nasceu, esta, da Vara da Infância. Nasceu dos próprios alunos Congressistas, reunidos no SESC em junho último, sob o comando do Conselho Juvenil.
E tivemos o cuidado de dar treinamento aos adolescentes que se interessaram. Editamos uma cartilha sobre o assunto, baseada no material do Instituto Sou da Paz. Nunca se quis grêmios de qualquer maneira, com alunos irresponsáveis ou despreparados. Sempre pregamos a cooperação entre os corpos docente e discente.
Muitas direções, consultadas por nós da VIJI, sobre os alunos que indicariam ao treinamento, disseram que "nenhum aluno se havia interessado". E não fizeram nada para despertar o interesse!!! E tivemos casos de alunos interessados efetivamente, mas que precisavam do empurrãozinho da iniciativa diretiva, da consulta, do estímulo e apoio.
Outras escolas disseram que não teriam grêmio pois seus alunos eram muito imaturos, por serem do ensino fundamental, posição levada pela Secretária de Educação, mas superada no curso da audiência pelo entendimento que a Profª Magali e eu tivemos, de ser possível aproveitar as representações de alunos já existentes.
Escolas particulares importantes não quiseram grêmios, de acordo com os comentários que nos chegaram, porque não queriam problemas internos. Não sei se os pais que pagam mensalidades realmente pretendem que seus filhos não aprendam organização, solidariedade e cidadania.
Bom, o fato é que não atingimos o objetivo.
E, pior, passamos, nós da VIJI (parece que isso está virando moda em Teresópolis) e o próprio CJ, pelo jeito, a sermos vistos como adversários. Sim, porque - sem que houvesse lealdade para nos dizer o que fosse necessário pela frente - foram se queixar de nós no Ministério Público e no CMDCA, como se estivéssemos "obrigando" as direções de escola a fazerem grêmios que não desejavam! Como se pudéssemos obrigar alguém a algo! Claro que estávamos em campanha, claro que mandamos um e-mail semanal, claro que telefonamos, e mostramos a experiência de dezenas de outros municípios onde a coisa deu certo, e onde recebeu apoio, iniciativa e às vezes pontapé inicial das próprias secretarias e direções! Mas obrigar, constranger? Sem comentários.
Relembremos: escolas nos pediram socorro (literalmente) na VIJI. Fizemos o Escola da Paz (palestra para alunos, pais e professores). A lógica nos levou ao Projeto Conselho Juvenil, recebido com entusiasmo. O Conselho Juvenil construiu o CONEST (Congresso Estudantil). Das resoluções do CONEST a principal foi a organização de grêmios (ou associações, ou conselhos internos de alunos, etc, etc). O Conselho Juvenil propõe um calendário para a realização da proposta do CONEST, que passava por Blitz nas Escolas, Treinamento, eleições ou reuniões em 20/09 e reunião geral dos eleitos ou escolhidos, em 24/09. Daí passaríamos a ter outra realidade em nossa cidade, com o embrião da reorganização do movimento estudantil, e com a geração de protagonismo efetivo, no campo da ação real.
Houve injustificado e incompreensível receio. Efetivamente! Gente que pediu ajuda para que seus alunos fossem conscientizados, quando essa consciência surgiu, recuou pois alunos conscientes parece que dão mais trabalho! Parece que se preferiu alunos entregues ao deus dará da vidinha segmentada, despolitizada, desinteressada, focada no próprio umbigo do vestibular ou da balada!
Por conta disso tudo, eu, como Coordenador do Projeto Conselho Juvenil, entendo que até este Projeto se torna duvidoso, pois sua lógica central foi quebrada. O CONEST foi desrespeitado. Conselheiros Juvenis não foram recebidos em escolas para as quais se dirigiram. Telefonemas não foram atendidos. Os senhores vereadores que receberam e homenagearam o Conselho Juvenil em junho, pela iniciativa do CONEST e pela proposta de Grêmios, na ocasião, pela voz de Dr. Carlão, expressaram seu ceticismo e desejo de que "A Carta dos Estudantes" (documento do CONEST com a proposta dos Grêmios) fosse realmente cumprida, que não fosse apenas um papel, um festejo, a morrer na praia como tantos outros. Pois bem, senhores vereadores, os estudantes fizeram sua parte. Deles não se pode cobrar a coerência que faltou, porque eles a tiveram. Talvez valesse indagar das escolas sobre o seu papel nessa situação.
Por tudo, embora esteja em gozo de licença-prêmio, estou pedindo à Juíza da Vara da Infância e da Juventude, Drª Inês Joaquina, que chame com a maior urgência, uma nova reunião/audiência com todas as representações que estiveram em 06/08 (Escolas, Secretarias, Coordenadoria, CMDCA, Conselho Tutelar, acrescendo-se o Ministério Público - recebedor de queixas contra o projeto).
Minha proposta é que todos reflitam sobre o ocorrido e sobre o que desejam para o futuro. Se não queremos Grêmios (ou associações, etc,etc), a mim parece que não queremos efetivamente resolver os problemas das escolas no campo da participação, conscientização, disciplina e violência, pois este é o caminho que vem sendo seguido onde algo de bom está ocorrendo, em todo o Brasil. E, se não queremos Grêmios, não há sentido em se manter o projeto Conselho Juvenil, posto que ele se revelou ineficaz na obtenção de apoio para realizar o que propôs.
No mínimo, o meu papel como Coordenador merece ser questionado, pois muito do que ocorreu (ou não ocorreu) parece se dever a alguma capacidade minha só revelada aqui em Teresópolis, de despertar antipatias gratuitas. Fico me perguntando quando é mesmo que eu me tornei inimigo das escolas? Que por tal razão não se perca o esforço dos estudantes, pelo que, desde já coloco minha função à disposição da Juíza da Vara da Infância, da Juventude e do Idoso.
Teresópolis, 28/09/2010
Denilson Cardoso de Araújo
Auxiliar de Gabinete da VIJI Teresópolis
Coordenador do Projeto Conselho Juvenil

Um comentário:

  1. Eu so conselheira e fico muito chateada com isso, nós estudantes nos organizamos com a extrema ajuda do Denilson para mudar a nossa realidade problemática e tivemos uma decepção. Apontam a nossa vida de estudante como uma juventude perdida que não é uma mentira, mas nós estudantes NÃO vemos interesses de algumas pessoas que são “aparentemente” as mas interessadas a nossa melhora, nos ajudar . O Conselho Juvenil não tem o poder de obrigar ninguém a nada, mas sim o poder de motivar e dizer que “Sim é possível”, mas não cabe só a nós alunos. Dizem por ai que agente não se interessa por nada de produtivo, mas dessa vez nos interessamos e o que agente ganhou com isso?
    ...
    Fico feliz pelas escolas interessadas,isso coloca em evidência que ainda tem gente que se preocupa.Espero que os que estão afim continuem.
    OBS : Não é por causa de um banho de água fria que devemos desanimar.

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