O CONSELHO JUVENIL É UM PROJETO DA VARA DA INFÂNCIA DA JUVENTUDE E DO IDOSO DE TERESÓPOLIS (RJ) , EM PARCERIA COM ESCOLAS PÚBLICAS E PARTICULARES .

sexta-feira, 3 de junho de 2011

MANIFESTO DO II CONEST


MANIFESTO DO II CONEST
O futuro se faz agora, paz e qualidade na escola.

---- A escola é fundamental na vida de um jovem: é um dos fatores que mais influencia nosso futuro. Esse papel de destaque se deve ao fato de que em boa parte de nossas vidas estamos nela, e que também é nela que adquirimos parte da experiência que carregaremos.
---- Um ambiente que é cenário de nossas vidas não pode ter seu papel esquecido e renegado. Infelizmente, é exatamente o que muitas vezes ocorre. Pessoas depredam as escolas. Seja qual for o motivo, o fato é que isso já se reflete na nossa sociedade. Casos como o aumento da criminalidade, a falta de perspectiva de um futuro melhor, o sentimento de solidão, que assola professores e estudantes que sofrem calados, provocam o medo de estar na escola. Para muitos é uma certeza: esse ambiente não lhes oferece nada. Isso provoca evasão, isso provoca que muitas pessoas tenham convicção de que a juventude está perdida. Com essa exclusão, vem a certeza também de que o jovem é marginal, não só no sentido de estar à margem, de ser delinquente, o que é uma inverdade.
---- Entretanto, há quem se lembre do papel verdadeiro da escola. Os sensatos, aqueles que reconhecem que somente mudando a escola o jovem terá novamente papel de destaque na sociedade. Mudando a escola para melhor, colocando-a como protagonista da vida juvenil, os jovens terão perspectiva, amadurecerão e assim a sociedade também evoluirá. As pessoas que seguiram para mudar essa realidade repararam que somente o próprio jovem poderia recuperar o seu futuro, porque é ele que está nessa realidade, é ele que sabe o que enfrenta. Mas diferente de muitos outros que simplesmente renegam isso, a Vara da Infância da Juventude e do Idoso de Teresópolis, liderada pela Doutora Inês Joaquina, tinha consciência de que o jovem precisava de ajuda, que nós precisávamos de auxílio, pois a batalha é árdua e há muitos que fraquejam. E para fornecer essa força e criar as possibilidades foi criado o Conselho Juvenil de Teresópolis.
---- O CJ veio como um órgão estudantil, formado por estudantes de cada escola teresopolitana, um órgão onde nós pudéssemos encabeçar a nossa mudança, a nossa ascensão da situação em que a juventude se encontra. Um órgão onde temos a nossa autoridade e liberdade, auxiliados pelos olhos protetores e atenciosos da VIJI, personificados no nosso Coordenador Denilson. Olhos que ordenam, empolgam, alertam, consolam e ensinam.
---- Assim o projeto cativou seus Conselheiros que, nessa convicção, trabalharam pelo futuro, não somente deles, mas de sua comunidade e sociedade. Foi por esse fim que os Conselheiros, em seu primeiro ano, se reuniram todas as semanas, e se cansaram, cansaram mesmo às autoridades, e lutaram pelo I CONEST, felizmente muito bem recebido pelos estudantes. Naquele primeiro Congresso (que teve como tema “Vida de Estudante: ralos, rolos e desenrolos”) nós, jovens, reconhecemos a sua situação, fizemos a crítica dos próprios erros e vacilos e nos comprometemos a participar da mudança. Desse comprometimento surgiu a luta por grêmios, por associações, por uma voz estudantil em cada escola. Essa luta não foi fácil, encontrou resistência tanto de direções como de estudantes, pessoas que não tinham plena noção do que era um grêmio ou do que a voz estudantil poderia fazer pela sociedade. Entretanto, o CJ, auxiliado pela VIJI e pelos congressistas, continuou trabalhando por essa conquista. Hoje Teresópolis pode dizer que é uma cidade de grêmios, de associações, de conselhos, de jovens com voz.
---- Mas a conquista alcançada não foi o fim da nossa luta, não foi com essa voz que a situação ficou resolvida. As lideranças criadas ainda têm um trabalho árduo a fazer, têm uma associação a manter atuante. A escola teresopolitana ainda tem muitos problemas, e voz estudantil é uma ferramenta, não a solução.
---- No momento em que nós, os jovens, conseguimos nos comunicar, discutir a nossa realidade, compartilhar nossas experiências, um sentimento de indignação surgiu. Indignação contra a violência, contra o preconceito e a discriminação. Essa indignação, associada aos relatos de extrema violência contemporânea fez com que nós, jovens, fossemos às ruas, que a expuséssemos, que gritássemos o nosso sentimento, que reivindicássemos o fim da agressão, o fim da intolerância que habita as nossas escolas. Por isso, marcamos a história. Nunca mais esqueceremos o dia 11/04/2011, quando às centenas, realizamos a caminhada LUTO POR REALENGO, LUTA CONTRA O BULLYING.
---- Mas, apesar de toda a luta do CJ, dos congressistas, dos gremistas e dos associados, ainda há muito que se fazer. A intolerância não foi exterminada, a escola ainda não está em paz, ainda falta muito para ela ser confortável, para fornecer um ensino digno e excelente para todos. Para continuar o processo de mudança, é que veio o II CONEST. Um Congresso para continuar a luta, para que os jovens possam se ouvir e se fazerem ouvir, um Congresso para sermos mais incisivos em nossas decisões.
---- Neste Congresso, nós, jovens, reconhecemos a importância dos professores e funcionários da rede escolar, dos nossos amigos e familiares, dos auxiliadores e dos colaboradores de todas as instâncias para a nossa caminhada. Sentimo-nos orgulhosos pela nossa luta, pelos obstáculos ultrapassados, mas nos sentimos também empolgados pela luta que há de vir. Nós hoje nos dispomos a, juntos, alcançarmos nossos objetivos. Pretendemos lutar:
  • PELA AFIRMAÇÃO E CONSOLIDAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO DOS ESTUDANTES, que passa, em nossa cidade, pelo fortalecimento do Conselho Juvenil, que deve ser mantido e apoiado, bem como outras organizações estudantis que floresceram nas escolas. Para que as vozes que surgiram e surgem não sejam sufocadas, apagadas, finitas. E que mais organizações e associações surjam dos estudantes, que elas alcancem nossos amigos, integrando a todos. Para que os jovens possam continuar lutando pela sua inclusão na sociedade;
  • PELA CONSTRUÇÃO DA PAZ NO AMBIENTE ESCOLAR, para o que se faz necessário:
----o Combater a Intolerância que desgasta alunos e professores, afugenta pessoas que poderiam mudar o futuro de uma forma positiva e corrompe a nossa sociedade;
----o Combater o Preconceito e a Discriminação que segregam muitos, impedindo a união tão essencial para que juntos lutemos pelo bem da sociedade;
----o O da Agressão, física e moral, especialmente o bullying, que provoca ferimentos, traumas, rancor, mortes. Agressão que gera agressão e que a muitos mantém em situação de permanente desgosto.

  • PELA MELHOR QUALIDADE DO ENSINO, que demanda:
----o Melhoria da Infraestrutura escolar. Para que a escola deixe de ser só mais uma coisa na nossa vida, e possa, sim, ser a nossa segunda casa. Que não nos prenda, mas nos cative. Pela sua beleza, pelo prazer, pelo ensino, pela alegria, pelo conforto, pela perspectiva de amadurecimento e de um futuro melhor. Uma escola onde possamos: estudar, socializar, adquirir cultura, praticar esportes e construir verdadeiras amizades. E que isso se dê também com prioridade para melhores equipamentos e instalações para a escola pública, hoje tão sucateada;
---- o Um ensino digno. Lutaremos para que cada um de nós tenha um ensino melhor, mas que cada um possa ter o ensino que sempre quis. Para que cada um possa ter as melhores chances. Para que todos tenham as mesmas oportunidades, consolidando assim o fim da discriminação, do preconceito, da segregação, da exclusão e da estratificação, o que passa pela valorização da carreira de professor, primordialmente com melhoria salarial e formação continuada, e haja o preenchimento da grade curricular com o cumprimimento da carga horário prevista pelas diretrizes curriculares prevista pelo MEC.;
---- o Cuidados na implementação de novos projetos pedagógicos, como o “Ensino Médio Inovador”,de forma a que não haja prejuízo ao aprendizado regular das matérias essenciais, especialmente, no período de transição entre as duas realidades;
---- o Impedir defasagem no ensino, em situações de atraso escolar, ou de transições em novos projetos pedagógicos, através da criação de programas de reforço e apoio à preparação ao vestibular ou aos meios de acesso à faculdade, inclusive com a criação de horários de estudo alternativos. Isso sem esquecer que o próprio ensino regular deve ser otimizado, a ponto de que seja desnecessária qualquer “muleta”, complementação ou projeto de reforço;
----o Viabilização de acesso ao primeiro emprego. Pelo aumento do ensino profissionalizante, com otimização da relação escola-empresa, para que a escola faça sentido real para a vida das pessoas, permitindo o acesso ao mercado de trabalho.
  • PELA CONSCIENTIZAÇÃO SOBRE OS EFEITOS DA DROGADIÇÃO E PELO COMBATE CONTÍNUO ÀS DROGAS, LÍCITAS E ILÍCITAS. É preciso desmistificar os diversos discursos que incentivam o jovem ao consumo de drogas, tendo em vista a prisão em que tantos se encontram após o uso precoce, principalmente em tempos de surgimento de drogas cada vez mais perigosas como o crack. Isso, claro, sem esquecer a necessidade de tratamento diferenciado, não criminal, para o dependente químico, sendo necessário que as famílias e as escolas, embora usando de firmeza, não abandonem nem excluam os seus, entendendo que largar as drogas é uma tarefa hercúlea para qualquer um.
---- Nesse tempo de trabalho de CJ passamos também por várias situações que lamentamos. Situações nas quais não é possível se abster, ficar estático, por isso nós nos posicionamos, apelando a ações da sociedade e de seus líderes, e a atuação cada vez mais efetiva dos próprios estudantes teresopolitanos, de modo a:
  • EVITAR A CRIAÇÃO DE UM PROBLEMA NA TENTATIVA DA SOLUÇÃO DE OUTRO. Iniciativas que buscam incentivar a inclusão dos diversos modos de falar que existem na população brasileira, podem prejudicar a qualidade do ensino, obscurecendo o indispensável ensino da norma culta. Não vai ser com gestos popularescos como este que se obterá a inclusão social dos segmentos mais carentes do povo brasileiro;
  • MANIFESTAR, TAMBÉM, NOSSO PROTESTO CONTRA A POSTURA DA SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO, que além de omitir-se de efetivo apoio ao Conselho Juvenil, recorreu ao Tribunal de Justiça para que o Projeto fosse extinto. Isso revela não só má vontade para com a organização estudantil, mas também o inexplicável receio da participação do aluno consciente na vida da escola, tendo, ainda, atribuído aos alunos da rede municipal a condição de imaturidade para que pudessem se organizar em grêmios;
  • LAMENTAR QUE ALGUMAS DAS GRANDES E RENOMADAS ESCOLAS TENHAM CERCEADO A ATUAÇÃO DO CONSELHO JUVENIL não recebendo seus representantes, nem permitindo ou cooperando para a efetivação da principal proposta do I CONEST, que foi a organização dos grêmios. Postura essa que revela descompromisso com a busca de soluções reais para os graves problemas do ambiente escolar, sendo que algumas que se omitiram são das que mais padecem os problemas da indisciplina, da violência, do bullying e da falta de motivação de alunos e professores;
  • LAMENTAR A SITUAÇÃO POLÍTICA EM QUE A CIDADE SE ENCONTRA, tomada pela desilusão e insegurança. O CJ e o CONEST não se pretendem organismos de política estrita, partidária, ligada a correntes ou facções. Somos políticos apenas no sentido de construir a cidadania, abrir caminhos para que cada estudante ou grupo de estudantes faça sua própria opção consciente, lúcida e positiva sobre os temas que nos afligem, inclusive no universo da política partidária e de governo. Mas não podemos deixar de nos manifestar neste ano de tragédia que marcou a todos, protestando contra a falta dos debates prioritários, para evitar que novas catástrofes atinjam os desfavorecidos, inclusive muitos companheiros estudantes que partiram em 12 de janeiro. Em memória deles, registramos nosso apelo para que haja mais humildade, responsabilidade e compromisso na atuação dos poderes públicos em nossa cidade.
---- Com comprometimento e com esses planos nós, estudantes, pretendemos mudar a nossa sociedade, sair da marginalização. Esperamos cumprir o nosso papel com a sociedade, lutando para que o amanhã seja cada vez melhor do que um dia já foi. Nós vamos começar agora, para que o sofrimento acabe, para que nós nos sintamos orgulhosos de termos sido os que hoje estamos construindo uma escola de paz e qualidade, e para que a juventude seja a etapa da vida em que efetivamente mudamos o mundo. Porque o futuro se faz é agora!

Teresópolis, 03 de junho de 2011
OS CONGRESSISTAS PRESENTES AO II CONEST



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