SOBRE A PROPOSTA DE GREVE DO GRÊMIO BETA -COLÉGIO HIGINO DA SILVEIRA - Posição do Conselho Juvenil.
O Conselho Juvenil é um grupo que se importa e luta pela melhoria do ensino, da convivência e da comunidade escolar. Por isso o Conselho não é contra e nem desencoraja a organização e manifestação estudantil. É fato que há muito lutamos por essa organização na forma de grêmios ou associações.
Nós sabemos e entendemos a situação da educação brasileira, uma infra-estrutura precária e uma qualidade de ensino que deixa a desejar. Sabemos que os professores sofrem também com essa situação e recebem um salário injusto. Nossos mestres ficam presos a ter várias matrículas (e empregos), são privados de uma formação continuada ou mesmo de ficarem atualizados em suas próprias áreas. Eles são obrigados a escolher entre os seus alunos ou suas famílias.
O Conselho muito se alegra ao saber que o Grêmio Beta, do Colégio Estadual Higino da Silveira, juntamente com os estudantes, se compadece com eles e compreende que isso nos afeta. Inclusive foi divulgado em nosso blog o elogio ao trabalho dos companheiros. Compreendemos que devemos fazer algo a respeito. Não podemos ficar parados. Entretanto, a título de cooperação nos debates, dada a experiência na organização de eventos e mobilizações que o Conselho adquiriu nesses dois anos de existência, gostaríamos de sugerir um passo de cautela, que seria usar outra forma de luta. Reivindicações, greves e mobilizações podem durar muito tempo. Greves de professores já duraram 40, 60 dias, até mais. Temos como exemplo a mobilização da categoria dos bombeiros, que apesar da recente explosão na mídia, já se estende por meses, e estava certamente sendo organizada há alguns anos. Os professores ainda estão começando, e eles sabem disso. Por isso eles mesmos ainda não alcançaram a manifestação massiva que certamente pretendem. Eles ainda estão angariando adesões.
Desse modo, usar a principal arma de um movimento (a greve) logo de início, pode não trazer os efeitos esperados. O atual movimento docente está se consolidando, ainda pouco exposto, de modo que muitos professores não fazem nem idéia dele. Uma mobilização massiva discente pode, sim, dar a exposição necessária e consolidar o movimento. Mas se levarmos em consideração a falta de reconhecimento do movimento docente é mais provável que essa grande paralisação não seja compreendida, principalmente se os alunos param em uma só escola. Se houver falta de compreensão dos alunos, que são a base do grêmio, os efeitos esperados não serão alcançados, mas corre-se o risco de os estudantes já estarem exaustos com uma mobilização maior do que o necessário já no primeiro momento, quando se pode precisar de movimentos mais fortes mais à frente. Se faltar fôlego, isso poderia trazer efeito oposto, com descrença ao grêmio e à própria causa.
Sugerimos, assim, se os valorosos companheiros gremistas nos permitem, que os estudantes esperem que o movimento dos professores amadureça um pouco mais. Afinal, a greve, num primeiro momento, é deles. E mesmo assim os estudantes e grêmios que já estiverem mobilizados, ainda podem ajudar e muito, nesse começo, por meio de panfletagens, comícios, pequenas paralisações com cerca de 10 minutos ou manifestações externas. Todos esses passos acabam sendo, ao fim das contas, degraus que são subidos na direção de mobilizações maiores, que podem culminar, se necessário for, numa greve.
Conforme decisão dos Conselheiros Juvenis, em sua reunião de 10/06/2001, pretendemos por meio desse texto ajudá-los, queremos evitar que qualquer um de nós dê um passo isolado e arriscado, e que faça algo que talvez mereça maior reflexão. Queremos reforçar nossos laços e trabalhar em conjunto. Por isso, conclamamos os companheiros para que implementemos a medida prevista nas decisões do CONEST, com a criação de uma coletivo de grêmios, para o que teremos uma reunião na próxima sexta-feira, dia 17/06, às 14 horas, na Vara da Infância.
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O presente documento foi entregue
hoje ao fim da manhã,
pelo Conselheiro Honorário Pablo Carneiro,
à Mariana, representante do Gêmio Beta,
do Colégio Higino da Silveira
(na falta dos outros dirigentes do Grêmio).
Posteriormente,
uma cópia foi entregue à
Diretora do Higino, Adriana
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